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Photo by Patrick Robert Doyle on Unsplash

Consegui o que queria

E daí?

5 min readAug 3, 2021

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Este poderia ser um texto com final feliz, mas, ao menos para mim, vai ter o estilo de séries da Netflix, que finalizam a temporada com a evidência de que ainda não acabou.

Caminho

Pois bem. Há 9 meses foi meu último dia de trabalho no emprego anterior. Como eu disse a meus amigos, “nasceu uma pá de criança até eu voltar a trabalhar”. Levou mais tempo do que eu imaginei, mas levou o tempo que foi preciso.

O último artigo que publiquei conta um pouco de minhas primeiras semanas sem trabalhar, que serviram para que eu tomasse uma decisão: queria migrar para uma carreira em consultoria. Para ser mais específico, consultoria de estratégia, ou gestão.

Listei todas as possibilidades que consegui encontrar, pesquisei sobre cada uma das empresas e conversei com pessoas de (quase) todas elas. Com isso, levantei um bocado de informação sobre estilo de cada uma, cultura, salários e contraindicações. Tinha o suficiente para decidir entre duas opções se tivesse poder de escolha.

Em paralelo a essas pesquisas, comecei a estudar. Eu tinha que me preparar para quatro coisas: prova, entrevista de fit cultural, entrevista de case e conversação em inglês. O estudo para as provas foi o primeiro da lista.

A maioria dessas empresas têm como primeira fase uma prova baseada no GMAT (Graduate Management Admission Test). Do meu ponto de vista, seria uma prova simples se tivéssemos ao menos 3 minutos por questão. Mas normalmente essa média é de 1 minuto e 30 segundos. Às vezes mais, às vezes menos, mas rapidez é algo importante.

Comecei a estudar 1 mês antes da primeira prova. Depois de fazê-la, embora os candidatos não recebam suas notas, eu sabia que tinha sido um desempenho abaixo do necessário. Erro clássico: comecei a me cobrar. Fiz provas ruins por desconcentração e nervosismo. E recebi alguns “agradecemos seu interesse, mas você não foi aprovado nesta etapa” que poderiam ser aprovações, não fossem minha auto cobrança e insegurança.

De qualquer modo, fazendo mais provas, fui pegando o jeito. É claro que iniciar os estudos antes me ajudaria bastante, mas consegui passar desta etapa em alguns dos processos. A etapa seguinte poderia ser uma entrevista de fit cultural, ou uma entrevista de case, ou as duas de uma vez (dependendo da empresa, feitas em inglês). Eu precisava me preparar para as outras três coisas.

Para a conversação em inglês, procurei indicações de professores particulares, fiz algumas aulas experimentais e escolhi. Eu precisava ganhar confiança para conversar em outra língua e a Jessica Rubira foi essencial para isso. Suas aulas foram o principal fator para que eu me saísse bem nas entrevistas em inglês.

Para a entrevista de fit cultural, não tive tantas dificuldades. Já havia algum tempo que eu mergulhava em reflexões sobre minha carreira, então eu tinha clareza dos meus porquês. Faltava elaborar a comunicação de maneira atrativa, sem perder a autenticidade. Uma tarefa simples, mas que merece tempo e dedicação. Eu genuinamente acho que, se tivesse negligenciado esse ponto, não receberia proposta alguma.

Quanto às entrevistas de case, foi a etapa a que mais me dediquei. De forma resumida, os cases são uma simulação de projeto que acontece em pouco tempo (pela minha experiência, entre 15 e 90 minutos). Tive ajuda de amigos que já passaram pelos mesmos processos, e de pessoas que também estavam se aplicando. É um processo preparatório que, sem colaboração, dificilmente será efetivo.

Entre resolver e aplicar os cases, devo ter tido quase 100 treinos. Não tem um número exato que determina quando se está preparado, a verdade é que cada um aprende de uma maneira e em velocidades diferentes. Eu não me sentia completamente seguro, mas estudei o que pude no tempo que tive (entre decidir e participar dos processos). Para muitas entrevistas, não foi o bastante, mas foi suficiente para outras.

Com os vários treinos de case, uma das coisas que mais ficou na minha cabeça foi o “so what?”. Em tradução livre, “e daí?”. É o feedback que eu ouvia quando dava um número como resposta sem interpretá-lo, nem levantar hipóteses do que ele poderia significar. Essa acabou sendo uma pergunta aplicável não só para os números que encontro, mas também para os sentimentos que tenho. Pensar sobre o que as coisas significam é uma forma bastante eficaz de dar continuidade a processos de reflexão. E, consequentemente, de instigar atitude em busca de resolução (do que quer que seja).

Recompensa

Foi um período de três meses e meio entre o começo da minha preparação e a última resposta de algum processo seletivo. Fui mais reprovado que aprovado, mas, como eu dizia durante os processos, “só preciso de uma proposta”. Essa linha de pensamento me ajudou a manter o otimismo e o foco, mas a verdade é que eu não precisava de apenas uma, eu precisava da proposta certa.

No fim das contas, pude escolher dentre as propostas que recebi, e eu sabia que já estava tendenciado a aceitar uma delas. Dentre todas as devolutivas, a última resposta que recebi foi uma aprovação, e fazia tempo que eu não ficava tão extasiado com uma notícia. Deixei a euforia passar para que eu pensasse com calma e fizesse uma escolha sensata, sem me influenciar pelo calor do momento. Mas a minha intuição, mesmo em reflexão calma, apontava claramente o que eu queria.

Faz pouco mais de uma semana que comecei a trabalhar na Integration. É claro que ainda é cedo para uma análise completa, mas posso dizer sobre minhas primeiras impressões. A sensação que tenho é que escolhi uma empresa sólida, organizada, pragmática e, ao mesmo tempo, simples em sua abordagem (o que muito me agrada).

Parece que escolhi algo que faz sentido. Se a minha intuição estiver mesmo certa, foi a melhor escolha que eu poderia ter feito. Há algum tempo que não enxergo um futuro nítido para a minha carreira, mas estou confiante que isso vai mudar em breve.

Status quo

Agora que voltei a trabalhar, por um momento senti falta de um desafio tão grande quanto conseguir esse emprego. Para mim, atingir um grande objetivo é uma euforia temporária. Em seguida vem o vazio de não ter uma nova meta.

Mas, refletindo um pouco mais, sei que terei essa meta assim que for alocado em meu primeiro projeto. E outros objetivos também surgirão. Podem ser de carreira, podem não ser, mas o Pablo do futuro se encarregará disso.

Seria um final feliz, se esse fosse o final.
Hora de vivenciar a próxima temporada.

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Pablo Andery
Pablo Andery

Written by Pablo Andery

(Metido a) escritor. Ex-tímido. Engenheiro não praticante. Não gosta de alho (não, nem pão de alho).

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